segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O que é a Dor Neuropática?

Os sintomas da dor neuropática são frequentemente descritos como punhalada, queimadura ou choques eléctricos.

O que é a Dor Neuropática?

Dor Neuropática é um tipo de dor crónica causada por uma lesão ou doença do sistema nervoso que, frequentemente, resulta em sintomas descritos como sensações dolorosas de queimadura, formigueiro ou choque eléctrico.

A dor com origem nos nervos é muitas vezes confusa e frustrante, quer para os doentes quer para os médicos, pois não responde muito bem aos tratamentos habituais para a dor. Pode durar indefinidamente e, pode mesmo, agravar-se ao longo do tempo e acabar por incapacitar o doente.


Quão frequente é a Dor Neuropática?

Estima-se entre 1,5 % e 7,7% as pessoas afectadas por dor neuropática, respectivamente, nos Estados Unidos da América (EUA) e na Europa. No entanto, é uma síndrome que, muitas vezes, é sub-diagnosticada e sub-tratada.

Nos países europeus a dor neuropática tem uma prevalência estimada em (1)(2):
  • 3 milhões de pessoas ou 7,5% no Reino Unido;
  • 2,5 milhões de pessoas ou 6,4% em França;
  • 3,5 milhões de pessoas ou 6% na Alemanha;
  • 2,1 milhões de pessoas ou 7,7% em Espanha (3).
Quais são os sintomas?

Os sintomas da dor neuropática são frequentemente descritos como punhalada, queimadura ou choques eléctricos. Estes sintomas agravam-se, muitas vezes, durante a noite.

Outros sintomas comuns da dor neuropática são:
  • Alodínia – sensação dolorosa causada por estímulos que habitualmente não causam dor, como um leve toque;
  • Hiperestesias – respostas exageradas aos estímulos tácteis, como aos lençóis de cama;
  • Hiperalgesia – sensibilidade exagerada a estímulos dolorosos;
  • Hiperpatia – persistência da dor mesmo após a remoção do estímulo dolorosos;
  • Parestesias e disestesias – sensações anormais e desagradáveis descritas como formigueiro, dormência, picadas.
Que impacto tem a Dor Neuropática nos doentes?

A dor neuropática tem impacto significativo, no funcionamento diário e na qualidade de vida das pessoas afectadas. Em muitos doentes a dor interfere, de forma relevante, no sono e associa-se a falta de energia e dificuldades de concentração.

Devido à dor, que é de natureza crónica, alguns doentes não conseguem trabalhar, andar, ou mesmo tolerar as roupas em contacto com o corpo, pois o simples contacto com estas pode desencadear dores insuportáveis, muitas vezes descritas como sensação de queimadura ou lancinantes.

As lesões nervosas dolorosas constituem um fardo económico importante para os doentes que procuram cuidados para o alívio da dor. Por outro lado, estes doentes sofrem habitualmente de outras doenças, o que os torna maiores consumidores de cuidados de saúde.

A depressão, ansiedade, doença cardíaca e diabetes são perturbações frequentes nestes doentes. Estima-se que, nos doentes com dor neuropática, os custos totais com a saúde sejam cerca de três vezes superiores aos da população em geral.



Quais são os diferentes tipos de Dor Neuropática?

Existem diversos tipos de dor neuropática segundo a doença associada:

Neuropatias periféricas dolorosas como a Neuropatia Diabética Periférica (NDP) que é uma complicação frequente da diabetes. Tende a atingir doentes com diabetes há mais de 10 anos e é frequente que os doentes se queixem de dor intensa e contínua nos membros inferiores, com agravamento nocturno.
  • Nevralgia Pós-Herpética (NPH) que é a complicação mais frequente da infecção aguda por herpes zoster, também conhecida por ‘zona’, sobretudo em doentes idosos e imunodeprimidos. Os doentes referem dor recorrente ou persistente e cerca 90% apresenta alodínia (dor a estímulos inócuos como o contacto com a roupa) e os sintomas podem mesmo persistir até ao fim da vida.
  • Nevralgia do trigémio – caracterizada por períodos de dor aguda, em punhalada, na face, intervalados por períodos livres de dor. A dor localiza-se na área do nariz, olhos, lábios e orelhas, é frequentemente desencadeada por pequenos estímulos como uma corrente de ar, a fala ou a mastigação, e assim, com impacto muito negativo nas actividades da vida diária.
  • Neuropatia periférica associada à infecção pelo VIH, que é constituída por um largo espectro de perturbações. Cerca de 50 % das pessoas infectadas pelo VIH sofrem ou sofrerão de neuropatia periférica durante a sua vida.
  • Dor neuropática associada ao cancro (quer devida ao tumor quer à quimioterapia).
  • Dor do Membro Fantasma –consequência esperada da amputação- é uma dor referida ao membro desaparecido, caracterizada por sensação de queimadura, ardor, formigueiro, cãibras, torção, compressão e latejamento.
  • Radiculopatia – dor originada nas raízes nervosas que saem da coluna vertebral, mais frequentemente na região lombar ou no pescoço, habitualmente causada por compressão e/ou processos inflamatórios. Numa considerável proporção de doentes, a dor é do tipo neuropático correspondente a uma lesão da raiz nervosa.
  • Neuropatias por compressão como a Síndrome do Túnel Cárpico, com dor na mão e pulso.
  • Síndromes de dor neuropática de origem no sistema nervoso central - compreendem situações como a esclerose múltipla, a dor pós-AVC, a dor pós-lesão vertebromedular.
Como se trata a Dor Neuropática?

Os sintomas de dor neuropática vão desde o ligeiro ao incapacitante e são frequentemente progressivos. O tratamento farmacológico pode incluir muitos fármacos como os antidepressivos, opióides, anti-inflamatórios e antiepilépticos, Nucleotideos, embora sejam poucos os que estão formalmente aprovados para o tratamento da dor neuropática.

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