terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Avaliação do Uso de Composto de Citidina Monofosfato, Uridina Trifosfato e Vitamina B12/Hidroxicobalamina como Tratamento da Neurite Compressiva do Nervo Mediano no Túnel Carpiano Comparado ao Tratamento Cirúrgico*

Artigo Original

Avaliação do Uso de Composto de Citidina Monofosfato, Uridina Trifosfato e Vitamina B12/Hidroxicobalamina como Tratamento da Neurite Compressiva do Nervo Mediano no Túnel Carpiano Comparado ao Tratamento Cirúrgico*

Valuation of the use of cytidine monophosphate, uridine triphosphate and vitamin B12/hydroxocobalamin compost as treatment of median neurite in carpal tunnel syndrome comparated with the surgical realease.

Kleber Oliveira Barboza¹#, Carlos Augusto Carvalho de Vasconcelos²,3, Marcelo Moraes Valença²

RESUMO

A compressão do nervo mediano no túnel carpiano é a mais comum das etiologias da neurite neste nervo. Levando a progressiva degeneração Walleriana, caso não seja tratada. O objetivo neste trabalho foi comparar, prospectivamente, o resultado final do paciente com síndrome do túnel do carpo tratado com liberação cirúrgica e com uso de composto de citidina monofosfato, uridina trifosfato e hidroxicobalamina, entre janeiro de 2001 e janeiro de 2006, em grupos de pacientes com tratamento simples e cruzados, devidamente esclarecidos e com livre escolha do grupo a participar, formando 04 grupos de 20 pacientes cada, avaliados por protocolo próprio onde se concluiu que o uso do composto leva a significante melhora nos resultados como coadjuvante do tratamento cirúrgico.

PALAVRAS-CHAVE: Nervo mediano; neurite; degeneração Walleriana; citidina monofosfato; uridina trifosfato; hidroxocobalamina/vitamina B12.

1Traumato-ortopedista e cirurgião da mão da Unidade Clínica do Agreste/UCLA e PRONTOTRAUMA, Caruaru, PE – Brasil. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia/SBOT.

2Departamento de Neuropsiquiatria e Neurocirurgia – Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento – CCS/UFPE.

3Departamento de Nutrição – Laboratório de Nutrição Experimental/LNE – CCS/UFPE.

*Trabalho realizado na UCLA – Caruaru, PE e PRONTOTRAUMA, Caruaru, PE - Brasil. Não existe conflito de interesses neste estudo.

#Endereço para correspondência: Dr. Kleber Barboza. Av. Dr. Pedro Jordão, 448 – Mauricio de Nassau – Caruaru – PE – CEP: 55012-640 – Brasil. Tel.: (81) 37211881.

E-mail: klebercirurgiadamao@ig.com.br ____________________________________________________________________________111

NEUROBIOLOGIA, 73 ( 3 ) jul./set., 2010__________________________________________________________

112____________________________________________________________________________

ABSTRACT

The compression of the median nerve in carpal tunnel is the most common cause of neuritis in this nerve that leads to a progressive Wallerian degeneration when not treated. The author’s propose in this article were to compare prospectively, the result of the patient with carpal tunnel syndrome treated throw surgical release and by using the cytidine monophosphate - uridine triphosphate - hydroxocobalamin compost, since 2001-january to 2006-january in groups of patients with simple treatment or associated treatment, all well informed about it, and with the chance to choose one of the four groups (of 20 patients each), analyzed by proper protocol witch concludes that the use of the compost leads to a significant improve of the results as a plus for the surgical treatment.

KEY WORDS: Median nerve; neuritis; Wallerian degeneration; cytidine monophosphate; uridine triphosphate; hydroxocobalamin/vitamin B12.

INTRODUÇÃO

s síndromes compressivas de nervos periféricos se apresentam como causa comum de déficit funcional dos membros superiores, levando a importante prejuízo numa classe de pacientes muitas vezes em franca fase produtiva¹.

A agressão ao nervo periférico, tanto seccional como compressiva, leva a um processo degenerativo do axônio e da bainha de mielina seguido por outro processo de regenerado, proces-sos denominados de degeneração Walleriana, descrito, pois, pelo Prof. Augustus Waller no final do século XIX. Segundo Lundborg, esse processo pode ser entendido como uma síndrome compartimental em miniatura2.

A degeneração Walleriana é dividida em três fases: degenerativa, de síntese metabólica e regenerativa.

Na fase degenerativa, decorrente da inter-rupção da microcirculação, desenvolve-se edema do corpo neuronal com início de captação de macromoléculas (glicídeos, nucleotídeos e lipídeos) proximalmente a lesão e desintegração axonal distalmente a lesão. A bainha de mielina destaca-se da célula de Schwann e forma debris a ser fagocitado pela própria célula de Schwann meta-plasiada e monócitos provenientes da circulação sistêmica em neoformação, com invasão de fibroblastos e organizando, assim, um túnel de células de Schwann, membrana basal e endoneuro, denominado feixe de Bungner2.
Na fase de síntese metabólica, através de incremento de síntese protéica, começa a reestru-turação da membrana celular neuronal que tende a se prolongar em forma de cone em direção ao coto neural distal. Porém, esta fase pode estar bloqueada na lesão seccional com interposição entre os cotos de material não-neuronal e, nas lesões compressivas deve estar sempre bloqueada, logicamente, pela ação compressiva e agressiva constante. Cessada a agressão, a tendência é a evolução do processo para a fase final de regeneração com a progressão das células de Schwann do feixe de Bungner englobando o cone regenerativo e restaurando a bainha de mielina2.

A síndrome do túnel do carpo (STC) tem sido abordada intensivamente na literatura médica, e é a neuropatia compressiva do nervo mediano no túnel do carpo; esse constituído pelos ossos do carpo, ligamento carpal anterior e ligamento transverso do carpo e por onde passam os tendões flexores dos dedos e o nervo mediano. Foi descrita inicialmente por Sir James Paget, em 1865. O primeiro caso de STC tratado cirurgicamente foi feito por Learmonth, em 1933, na Mayo Clinic, Rochester-Minnesota/ USA. Mas, somente após os anos 40, com o trabalho de Phalen, é que o diagnóstico e o tratamento dessa síndrome se tornaram mais conhecidos, constituindo-se na neuropatia compres-siva mais diagnosticada e tratada nos dias de hoje3,4.

Numa avaliação singular do paciente acometido pela STC, é conhecido seu perfil. Paciente do sexo feminino, branca, entre a 4ª e 5ª década de vida ativa, quase sempre com acometimento bilateral com predominância clínica do lado dominante 3,4.

Os tratamentos preconizados, encontrados na literatura vão deste o tratamento clínico sintomático à cirurgia por várias técnicas, passando pelo tratamento fisioterápico, acupuntura, uso de ansiolíticos, e o uso do composto de citidina monofosfato, uridina trifosfato e hidroxicobalamina (CCUH) que age diretamente na fase de síntese metabólica da regeneração Walleriana 5,6,7,8,9,10.

O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos clínicos do uso do composto de citidina monofosfato (Citidina [dihidrogênio fosfato]. Um nucleotídeo citosina contendo um grupo fosfato esterificado à molécula de açúcar na posição 2',3', ou 5'. ), uridina trifosfato (uridina 5`- [tetrahidrogênio trifosfato]. Um nucleotídeo uracil contendo três grupos fosfatos esterificados à molécula de açúcar) e hidroxicobalamina (Forma injetável de vitamina B12 utilizada no tratamento de pacientes com deficiência de vitamina B12 ) - (CCUH) como tratamento clínico na STC, e como coadjuvante associado ao tratamento cirúrgico nessa síndrome compressiva9.

MÉTODOS

Foram avaliados 160 pacientes com neurite compressiva do nervo mediano em nível do canal carpiano, tradicionalmente denominada síndrome do túnel do carpo.

Não se tratando de estudo cego, os pacientes foram informados do estudo, seus objetivos e puderam escolher livremente em qual grupo seria tratado, conforme termo de consentimento livre e esclarecido. Desses 160 pacientes, foram excluídos aqueles que não autorizaram sua inclusão no trabalho (07), pacientes do sexo masculino, para maior uniformidade do estudo, e com outras síndromes compressivas associadas ou seqüelas de fratura no punho (32), pacientes que não seguiram corretamente e/ou completamente o protocolo instituído (41). Participando, assim, 80 pacientes dos resultados finais, divididos em 04 grupos de 20 pacientes:



grupo I : composto por pacientes que não fizeram uso do CCUH e não foram submetidos a cirurgia, tratados com antiinflamatórios e repouso.



grupo II : composto por pacientes que fizeram uso do CCUH e não foram submetidos a cirurgia.



grupo III : composto por pacientes que não fizeram uso do CCUH e foram submetidos a cirurgia.



grupo IV : composto por pacientes que fizeram uso do CCUH e foram submetidos a cirurgia.

A avaliação subjetiva e objetiva dos pacientes rendeu-se a um protocolo próprio, com revisões programadas e agendadas. Os resultados encon-trados foram analisados estatisticamente com significância para p < 0,001.

____________________________________________________________________________113

2 comentários:

  1. olá bom dia!
    o meu caso foi assim: tenho 4 anos trabalhando como digitador, e no sábado dia 01/10/2011 eu bebi uma cervejas, e acordei em um domingo e o punho caído e fiquei assim o dia todo, no entanto já na segunda-feira fui ao médico e ele me receitou CITONEURIN 5.000 E PREDNISONA, e hoje já comecei a tomar os comprimido,mas eu não sinto nenhuma dor, hoje já é terça-feira e estou do mesmo jeito, o que será?
    meu e-mail: jaisson85@hotmail.com

    ResponderExcluir
  2. Jaisson pela descrição, me parece uma neuropraxia por compressão do nervo umeral. Todos nós às vezes dormimos em cima do braço e acordamos com o membro dormente. Neste caso, parece que a bebida agravou a lesão (neurotoxicidade aguda pelo etanol). O quadro não vem acompanhado de dor. Deveria já estar melhor, mas não sei se há outros fatores agravantes não relatados.
    Procure uma nova opinião com outro especialista, caso não volte ao normal nos próximos dias.
    Espero ter ajudado.
    abraço

    ResponderExcluir